quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Texto de Guimarães Rosa

Um grupo de cavaleiros. Isto é, vendo melhor: um cavaleiro rente, frente à minha porta, equiparado, exato; e, embolados, de banda, três homens a cavalo. Tudo, num relance, insolitíssimo. Tomei-me nos nervos. O cavaleiro esse — o oh-homem-oh — com cara de nenhum amigo. Sei o que é influência de fisionomia. Saíra e viera, aquele homem, para morrer em guerra. Saudou-me seco, curto pesadamente. Seu cavalo era alto, um alazão; bem arreado, ferrado, suado. E concebi grande dúvida.
Essa interxtualidade tem haver com o texto acima de Guimarães Rosa,que se relaciona com o homem e o cavalo,com uma parceria de ajuda.




PRECE DO CAVALO

Ao meu dono, ofereço minha prece, me alimente, me dê água e tome conta de mim, e quando o dia de labuta estiver acabando, me dê abrigo, uma cama seca e limpa, e um estábulo grande o suficiente pra que eu possa me deitar e ter um pouco de conforto. Sempre seja gentil comigo. Converse comigo, freqüentemente sua voz significará o mesmo que as rédeas para mim. Me acaricie às vezes, e pode ser que eu trabalhe mais feliz e aprenda a te amar. Não dê puxões violentos na rédeas, e não me açoite quando estiver subindo uma ladeira. Nunca me bata, golpeie ou me chute quando eu não entender o que você quer, mas me dê uma chance de entendê-lo. Me observe: e se eu não cumprir minhas ordens, verifique se não tem nada de errado com minhas patas e arreio.